quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Estou em outro endereço

A preguiça, é verdade, esta tirana... Me levou toda a inspiração nos últimos anos.
Mas estou tentando recuperar a velha vocação para as escritas, e algo me diz que isso só é possível através da prática.

Minha vida se encheu da tecnicidade árida da programação e dos projetos tecnológicos, e hoje, além da azia pelo excesso do café, estou sentindo também vontade de voltar a escrever. Quem sabe este é o meu verdadeiro papel nesse mundo, minha vocação... quem sabe... Quem sabe? Eu não sei, mas não custa tentar.

Se dizem que é a prática que leva à perfeição - e eu sempre acreditei nesta máxima - eu já sei que tenho de botar os neurônios pra funcionarem, extrair alguma coisa dessa "mente véia", botar o miolo pra trabalhar. Então vamo lá...

E já que é assim, vou-me embora pro meu canto, um cômodo recém construído no meu site pessoal, pra botar essas idéias. Se alguém quiser ver, é só aparecer por lá, no http://www.erikafocke.com.br/algoamais

Mas é claro, vocês nunca acreditam que meu nome fosse Angelina mesmo né? :)
Então tá então.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Casa 01 - Wandick Filgueiras

Eu sempre morei em casas alugadas, por isso mesmo, moramos (eu, minha mãe, meu pai, meu irmão e minha avó) em muitas casas durante meu crescimento. Cada casa que moramos, tem sua história particular, e depois daquele post do flamboyant vermelho, eu tive vontade de escrever um pouco sobre as lembranças que guardo de cada uma dessas casas, que foram lares para mim por algum período de tempo. Eu adoro relembrar as coisas boas do passado.
Então, vou começar com a primeira casa que me lembro bem nitidamente, a primeira casa que moramos aqui nesta cidade (João Pessoa - PB). Eu tinha 06 anos quando nos mudamos pra cá, e fomos morar nesta casa.
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-

Aquela casa da wandick filgueiras (esse é o codinome que usamos pra ela) era um espetáculo.

Me lembro como se fosse hoje, a casa enorme, um grande muro que por dentro tinha umas jardineiras de onde caíam arbustos floridos. Tinha umas florzinhas vermelhas pequenininhas, em formato de uma mini tulipa, que você apertava e elas "estouravam", faziam um "plic" bem engraçado.

Tinha um besouro muito feio, um preto gordo que voava zunindo, e eu morria de medo, mais ainda depois que minha vó me disse que o nome dele era "Cavalo do cão" e se mordesse a pessoa, deixava ela num sei quantos dias de febre.

Lá, eu aprendi a andar de bicicleta sem as rodinhas de trás. Foi uma grande vitória! Primeiro tirei de um lado, depois com muito esforço e um joelho esfolado consegui tirar o outro. Abaixo, eu na minha caloi cecizinha ainda com rodinhas, nessa foto eu tinha uns 5 anos, foi antes de ir morar na wandick filgueiras.



Certa feita, fui subir uma rampa que tinha no terraço, usando essa mesma bicicleta, a rampa era muito íngreme pra minha força na época, a bicicleta começou a voltar e eu acabei caindo feio. Ralei o joelho, minha mãe me levou pra botar merthiolate (que terror!!!).
Depois, eu voltei pra o terraço, e fui procurar "o tampão do joelho", que na minha cabecinha infantil tinha sido arrancado na queda por isso ficou daquele jeito esfolado.

Lembro também do meu pai tentando me ensinar a jogar xadrez. Eu achava um saco. Continuo achando até hoje hehehehehhe.
Tinha uma piscina grande, mas eu não podia tomar banho sozinha. Quando meu irmão ia com os amigos, eu aproveitava. Ele pegava uma piscininha dessas de plástico, bem velha, que a gente tinha, e jogava girando pra ela cair armada na piscina. Pronto: estava feita uma cabana marítima.

Na alfabetização, lembro da fantástica "lousa mágica", que eu comprei um dia. Era um treco rosa, feito com plásticos, você "escrevia" e depois passava um negocinho que magicamente "apagava" o desenho e deixava limpo pra você desenhar de novo. Sabem como é? ainda hoje deve existir.
Eu adorava as atividades de pintar, vinham umas folhas com desenhos grandes, "xerocadas" com estêncil, chegavam quentinhas com aquele cheiro de álcool, todo mundo ficava cheirando kkkkkkkkkk.

Depois mudei de escola, a farda era uma saia toda pregueada, ridícula, mas minha mãe achou pouco e comprou duas saias e costurou as duas juntas pra ficar tooooda rodada sabe? Eu não podia dar uma rodada que a bicha girava alto, aparecia tudo. Ainda bem que eu só tinha 8 anos.
A brincadeira favorita era Polícia e Ladrão. Mas todo mundo queria ser ladrão, ninguém queria ser polícia pra ir atrás dos outros.

E começaram as primeiras "realidades cruéis" na escola, mas isso já fica pra a próxima casa! =D A famosa casa "número MIL".

Ps. Esta casa hoje ainda existe, foi transformada em uma clínica de fisioterapia. Só mudou a parte externa ao que parece. Fica na rua do meu trabalho =P mundo pequeno...

sábado, 11 de agosto de 2007

Crises da mamãe

Eu mandei o texto "O flamboyant vermelho se foi para sempre" (só para constar, é um dos meus posts preferidos, sai lá de dentro da alma ... ) pra minha mãe ler. Afinal, ela também morou lá né, e a danada já até sabia que não existia mais a casa, que tinham colocado um prédio no lugar.

Mamãe também tem crises! Pois é... a bixinha ficou toda melancólica sobre os tempos passados, falando aquelas coisas tipo "ah eu poderia ter sido uma mãe melhor", coisas assim sabe? Oww, mas a mamãe pra mim foi uma mãe tão completa, eu não vou dizer perfeita porque nenhum de nós é perfeito, eu como filha também cometi meus erros (muito mais que ela afinal estava crescendo e aprendendo como qualquer um).

O que faltou nela foi uma coisa que eu pretendo não deixar faltar com meus filhos futuros, que é conversa. A gente não conversava muito, eu também sou extremamente "na minha", introspectiva, é difícil puxar de mim as coisas, mas acho que ela poderia ter insistido de vez em quando, pra eu me sentir mais "amiga" dela sabe. Ter uma aproximação maior.

Como ela mesma falou, "a gente não vê o tempo passar, quando vê os filhos já não são mais crianças, o tempo passou rápido demais, a gente sempre deixando pra depois aquela conversa, aquele conselho. quando vê, já passou o tempo e eles tiveram que aprender sozinhos."

Eu tive sorte, tive uma boa educação, mesmo sem aprender da boca dela eu já sabia de tudo ehhehe, muito curiosa, lia demais. Entretanto nem todo mundo tem essa sorte, e nesses casos, a falta de orientação direta, de conversa franca, pode gerar muitos frutos inesperados e decepções.

Mães e pais, conversem sempre com seus filhos, desde cedo, e tentem fazer deles sempre seus amigos, e não manter aquela relação de quem manda e o que obedece, aquela tirania dos tempos antigos onde o que a gente sentia sempre era MEDO dos pais.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Eu quero saber

Alguém me diga, por favor, a que horas chegará esse tal de Amanhã, de quem todos falam tão bem, e aproveite para lhe dizer que, se vier de avião, não pouse em Congonhas nem por decreto.

O Flamboyant vermelho se foi para sempre


Hoje fui andar com meu cachorro, e por acaso, entrei numa rua que não me era estranha. Logo reconheci, e vi que se tratava da rua onde eu tinha morado há cerca de 10 anos atrás.

Muitas das casas da vizinhança preservavam a lembrança que eu tinha do lugar. Mas, exatamente a casa que eu morei, simplesmente, não existe mais.

No lugar dela, um grande gigante de concreto. Grande, e chique.

No momento que vi aquilo, me senti triste. Como se tivessem apagado, eliminado um pedacinho da minha história, colocando outra coisa no lugar. Como se tivessem apagado alguns vestígios da minha existência; será assim, quando morremos? As coisas aos poucos vão sobrescrevendo todos os vestígios de que você um dia existiu?

Ah, aquela casa, onde eu vivi meus 12, 13 anos. Era uma casa grande, um terreno enorme cheio de árvores. Aquele flamboyant vermelho, "no desmantelo da tarde", lindo, florido, logo na entrada, descendo em suas curvaturas naturais... aquele caminhozinho de pedras, do portão singelo de madeira até o terraço. Aquelas árvores muito altas, não sei o nome delas, mas elas pareciam pinheirinhos, soltavam umas bolinhas que espetavam, secas... que os meninos gostavam de juntar pra brincar de guerra.

Nada disso existe mais.

As mangueiras pesadas de frutos, onde os morcegos vinham à noite pra comer. O grande terreno de areia, onde eu corria com os cachorros dando voltas ao redor da casa, e onde também torci o pé uma vez e não consegui gritar de tão grande que foi a dor. Quando não tinha computador, e eu passava as tardes assistindo "Sessão da Tarde" ou reclamando que não tinha nada pra fazer.

Até a casa vizinha, onde morava naquele tempo o menino que foi meu primeiro namoradinho, estava lá, igualzinha; mas da casa que morei não existia nenhum vestígio.

Apenas um monte de famílias empilhadas umas sobre as outras, pessoas olhando lá de cima de suas varandas em uma posição privilegiada, observando a minha pequenez cá embaixo, com meu cachorrinho. E eu, tentando encontrar, um sinalzinho que fosse da minha passagem por ali. Aquelas pessoas me viam como mais um anônimo que passa na rua, e eu me sentia totalmente injustiçada com isso, EU, que morei anos e anos ali, que dominava aquele lugar inteiro onde hoje elas vivem.

De cima do flamboyant eu via a rua e os meninos jogando bola, bem do alto da minha introspecção própria e quase autista.
Hoje, não tem mais flamboyant nenhum. Só uma portaria.

Ali mesmo, onde o porteiro varria a calçada, uma árvore fez sombra pro meu primeiro beijo - que eu detestei, odiei, "que coisa nojenta" - eu pensei na época.

E ali naqueles minutos de indignação, encontrei, na lateral calçada do prédio, as únicas testemunhas vivas de que, um dia, eu fiz parte daquele lugar: duas árvores, hoje grandes, que na época ainda eram bem jovens, me olhavam de dentro de suas armaduras de longevidade inabalável; elas, que serviram de trave quando eu ensaiava pra ser goleira de futsal na escola, elas estavam ali intactas, mesmo depois de toda aquela destruição que aconteceu para que o monstro de concreto pudesse nascer. Elas continuavam. Não devem ter atrapalhado os planos do monstro, afinal, estavam à margem. Todo o resto precisou desaparecer completamente.

Elas, talvez, me reconheceram. Ninguém mais.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

O Medo

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão
flores amarelas e medrosas.
(Carlos Drummond de Andrade )


O medo - está presente em tudo, até onde menos se espera. É inevitável e inerente ao ser humano; faz parte de toda existência. O medo pretende conservar. O medo é também insegurança.

As mulheres têm medo, os homens também.

Mulheres, têm medo de não serem amadas, de não serem desejadas, de que a rotina e o dia-a-dia amortize e apague pouco a pouco a paixão inicial. Medo de que seus homens descubram, depois de certo tempo, que já não há mistérios, que já a conhecem tão bem, que não têm com o que se preocupar; medo de que seus homens vejam mistério e sedução fora de suas camas, em outros lugares, com outras mulheres; medo de que seus homens já estejam acostumados demais com seu corpo, com seus beijos, com seus cabelos, e se sintam curiosos com outros corpos e outros beijos e outros cabelos.

Sintonizando com o Rafael e a Fabi, medo de que esta frase seja bem verdadeira:
“Aprenda o que o mágico sabe e a magia se perde”
Manual do Messias-Richard Bach


Medo. Faz parte da vida. Difícil evitar.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Shit happens

Às vezes, sem querer, acabo fazendo merda. É da natureza humana, somos imperfeitos. Mas nessas horas me sinto a pessoa mais imbecil da humanidade.